sexta-feira, 4 de março de 2016

Saudade de mim, esperança em nós






















Hoje lembrei-me de quando eras saudável, da sorte que tínhamos, tínhamos tudo e julgávamos nada ter...

Hoje lembrei-me do primeiro dia que te vi, os olhos de azeitona abertos e espertos, senti naquele momento que eras sem dúvida um ser muito especial...

Cada dia mais me apetece não falar do que se está a passar, como se não falando as coisas fossem ficando mais "leves" em mim.
Tenho saudades de mim.
Tenho saudades da rotina (aquela que eu sempre detestei ter), mas que a impermanência da vida me mostrou que ela faz falta, tanto faz que sentimos falta dela.
Tenho saudades de arrumar as malas, e com elas arrumar a possibilidade de aqui voltar.
A nossa vida mudou e eu sempre tive uma grande capacidade de encaixe, mas na verdade sinto saudades de algumas pequenas coisas que neste momento valem muito.
Tenho saudades de ser eu.
Tenho saudades de ser a mãe do bebé que vai á creche, que toma banho na banheira, que tem sempre apetite...
Tenho saudades de ser a mãe que faz a sopa e prepara os pratinhos para alimentar a família...
Tenho saudades de ir ao supermercado, sem me preocupar com neutrófilos e leucócitos...
Neste momento estamos isolados (aliás o Duarte está isolado), mas na verdade estamos todos...
Hoje vesti verde, nem a propósito escrevi este texto no dia que vesti verde... a cor da esperança...
A esperança de que um dia, vá levar o meu filho á escola...
A esperança que um dia, ele coma com vontade...
A esperança que o nosso quadro perfeito  surgirá um dia...
A esperança que seremos ainda mais felizes...
Esperança que a saudade do que fomos seja o presente do que queremos ser...
Esperança aquela que nos move aqui...
Essa eu não perco, essa ninguém deve perder, seja qual for a situação, ela dá-nos força e determinação.
E o meu filho mostra-me todos os dias que essa eu não posso perder.

Com amor,
A MÃE DO DUARTE