E assim entro numa temporada de introspeção...
Porque o corpo acusa as datas, e alma acolhe a insatisfação.
Começam as lembranças "há um ano atrás eu estava..."; "há dois anos atrás por esta hora.." - e aos poucos olhamos para o calendário e percebemos que
o nosso corpo se prepara para a dor da recordação, para a mais presente lembrança do que jamais esquecemos.
E continuando na maré cheia de emoções recordo o mês em que gerava um mim uma vida e gerava a preparação para uma morte.
Cabia em mim toda a esperança das duas cadeiras no banco traseiro do carro.
Uns dias depois a cadeira veio vazia, e ventre cheio de emoções.
A noite era escura, e a alma perdeu-se no silêncio de uma viagem para casa.
A alma perdeu-se e não mais se encontrou da mesma forma...
E num só dia nasceu outra alma em mim, nasceu um novo olhar acompanhado de saudade e esperança, nasceu uma vida cheia de amor para dar,
e nasceu também uma vontade de voltar a tocar e beijar o que jamais poderá ser tocado.
Ele voltou para dentro de mim, ela estava dentro de mim...
E na estrada da vida soube - que dentro de mim haverá espaço para "as duas cadeiras no banco traseiro do carro" mesmo que o carro esteja vazio.
E na estrada da vida eu soube, que caminhar seria o caminho...
E na estrada da vida eu soube, que o caminho é imprevisível, inconstante e por vezes inoportuno.
Mas pela estrada da vida eu sei que no fim do caminho eu vou saber, que todas as imprevisibilidades foram o que me fizeram caminhar em frente.
E pela estrada da vida em continuo, sem certeza de quando chega ao fim, mas sabendo que depois do inverno vem a primavera, e o inverno volta e de seguida a primavera.
E neste ciclo da vida sabemos apenas que basta estarmos verticais para podermos caminhar.
E pela estrada da vida eu escolhi caminhar pelas datas, pelas horas e pelas memórias sempre sabendo que em mim, são elas que me fazem estar vertical e caminhar.
Abraço-te no fim da minha caminhada.
Com amor,
Mamã Cláudia F.