Existes
nos meus sonhos...
Existes
nos meus dias...
Existes
em mim, a todo o momento...
Dia 4 de Abril de 2016
O
teu corpo ficou na terra e a tua alma subiu ao céu..
Um
dia "normal", estávamos nos cuidados intensivos
pediátricos do Hospital Santa Maria desde Sábado.
Algumas
dificuldades em respirar, mas tudo controlado á partida...
O
dia foi passando e nós fomos percebendo...
Era
aquele o dia que tanto temíamos, senti que não te iria ver mais
aqui na terra... e pedi aos céus que não te mantivessem aqui na
terra por egoísmo meu, por apego.
Se
fosse aquela a hora, que fosses em paz, sem sofrimento. Não merecias
isso.
Chamei
as pessoas mais importantes para nós e na tua vida, não pensei
sequer, não foi difícil "escolhê-las" depois daqueles 6
meses a aprender todos os dias... Foi inato em mim, e rápido
também... Senti que estávamos todos preparados, e que toda a nossa
família padece de um amor incrível que nem a "partida"
mata.
A
dor da partida era enorme...
As
lágrimas caíam, e a dor na alma não ficava em lado nenhum, andava
comigo.. A garganta estava seca, e tinha um nó...
Na
cabeça anda tudo, e não andava nada...
Mas
no coração estava a certeza da frase que partilhei convosco á
tempos... "quero salvar o meu filho, ou da doença ou do
sofrimento".
No
meio de toda a dor que sentia em mim... olhava para ele, falava com
ele, e sentia que não era ele, o bebé feliz, cheio de vida,
forte...
Deixei
de perguntar quais as soluções, tinha chegado a hora, eu tinha que
ouvir a verdade, pensei.
Com
as lágrimas a escorrer e com o queixo a tremer horrores peguei na
mão do ser incrível que acompanhava o Duarte naquele dia, aquela
médica, aquele ANJO:
"Dra
ele vai partir não vai?"
Olhou
para mim, com amor, muito amor mesmo:
"Muito
provavelmente mãe"
Chorei,
chorei... chorei...
Olhei-a
nos olhos, com tanto amor, com tanta admiração, e pedi:
"Pfv
como se fosse um dos seus... Ajude-o para que não sofra, e para que
este momento seja digno para ele."
Sorriu
carinhosamente, e acenou que sim.
Ajudei-o
a nascer, fiz tanta força, tive tanta força...
Ajudei-o
a partir, estive ao lado dele, fiz tudo para que tivesse uma partida
tão digna quanto foi o seu nascimento e a sua vida. No fundo não
fiz força, mas ele deu-me força muita força...
Não
havia naquele momento epidural para a minha alma de mãe, morfina
para a dor das saudades que já existiam em mim.
20:15h
O
coraçãozinho dele parou, respirou a ultima vez.
"Vai
em paz meu anjo, ajuda a mamã. Amo-te, amo-te, amo-te. Obrigada por
tudo meu querido"
A
alma dele partiu em paz.
Fica
uma saudade enorme, mas a certeza que tenho um filho ANJO, que tenho
uma companhia constante e eterna... e que nunca mais nesta vida eu
estarei sozinha.
Não
tenho palavras para descrever aquela equipa da UCIPed Santa Maria...
O
respeito, a dignidade, o carinho, o acompanhamento.
São
seres muito iluminados.
Obrigada
por tudo!!
Sobre
o IPO um dia eu escrevo.
Construi
uma família.
Somos
muito abençoados por termos conhecido pessoas tão especiais.
Um
obrigado especial por aquele sábado a enf. Anabela, foi um anjo.
Na
vida aprendemos a amar...
Na
partida, percebemos o AMOR na sua verdadeira e pura essência...
Esse
não morre!!!
OBRIGADA
FAMÍLIA PELO NOSSO AMOR, E UNIÃO!
OBRIGADA
FILHO,
OBRIGADA
LUZ DA MINHA VIDA!
Para
sempre,
A
Mãe do Duarte