Cá estou eu, exatamente onde devo estar. Despindo naturalmente todas as peles que outrora vesti.
Cá estou eu, meu amor. Carregando orgulho em ti a cada dia.
Transformando lenta e naturalmente o nosso amor, em algo maior ainda.
Cá estou eu, meu amor. Onde devo estar. E tu, onde estás?
Nunca saberei responder a esta questão, sei bem onde estás, na verdade.
Estás onde sempre estarás, bem dentro do meu coração, bem
dentro de todas as manhãs em que olho o céu e agradeço a benção de me teres
escolhido, a mim.
Andar nesta vida por vezes é doloroso, desapegar-me do teu
corpo físico, do teu cheiro, do teu toque. Foi o momento mais doloroso da minha
vida, bem sabes!
Sentir-te partir desta terra, foi como entregar-te em casa,
de onde um dia quiseste sair.
Sentir-te partir desta terra, foi o processo uterino mais
forte e transformador.
Cá estou eu, meu amor. Cheia de saudades tuas, o meu colo
grita por ti, e as minhas garras cansadas, vão descansando.
Aquilo que construíste em mim é e será sempre o guião mais
certo que já li. A tua morte! É e será sempre, "O DIA" da minha vida.
(em todos os sentidos).
Guardo em mim cada memória, cheira-me nas entranhas o teu
cheiro, no meu colo o teu peso (...) Na minha Alma, a tua vontade! Hoje tenho a
certeza. E amanhã, espero continuar a tê-la.
Meu amor, meu querido e amado filho do meu ventre... meu
querido filho, da minha ALMA!
Enquanto te carreguei no ventre, sonhei orgulhar-me da tua
evolução natural, sonhei ver-te a correr, sonhei ver-te criar laços, sonhei
fazer-te comida para sempre, sonhei ver-te crescer cheio de valores afetivos,
sonhei orgulhar-me de te saber humilde.
Sabes o que é bonito, meu querido? Tudo o que eu contigo
sonhei, se concretizou!
Enche-me de orgulho sentir-te em mim! E por isso, te quis
vir agradecer. Por seres tão grande, neste Mundo tão vasto. E por traçares o
meu caminho nos teus -tantos- 16 meses.
“Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita
sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre (…)”
Com amor.