sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Ao som desta data




Ao som de Mafalda Veiga te escrevo, não se bem se a quero ouvir.
Sei bem que não quero o silêncio.
O corpo sente as datas, ai se sente... Eu cá sei.
Ele caminha, tem que caminhar mas a mente, a alma talvez trás-me aquelas lembranças de profunda dor amorosa.

Hoje escrevo-a, porque o corpo não deixa esquecer as datas.
Tudo parecia tão anormalmente normal, queria eu pensar.

Hoje escrevo-te, sinto-te, e tenho saudade tua.
Hoje choro-te, na verdade só choramos quem sentimos apego, e nós tínhamos disso, se tínhamos...

As datas caiem no calendário, e a minha certeza que os anos passam fica mais clara e nítida.
Tudo parecia tão estranho, tudo parece tão estranho.
Aquela data em que em mim não cabiam necessidades, só medo disfarçado.
Aquela data em que as informações que medicamente me foram transmitidas, palavras diretas, contabilização de vida, da tua vida, e da minha.
Informações de dor, que a minha alma ainda sente.

Hoje escrevo-te, sinto-te, e tenho saudade tua.
Tudo é tão claro em mim hoje. Três anos de tantos mais.
Hoje escrevo-te, sinto-te, e tenho saudade tua.
Hoje escrevo-te, sinto-te, e sei-nos eternos.

Beijo de amor,
Mamã

"Mafalda Veiga - Imortais"

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